sábado, 3 de dezembro de 2011

Todas as almas vão arrepiar

Nada é tão exageradamente humano quanto o torcedor de futebol.
“Demasiadamente humano”. 
Nietzsche deve ter se inspirado ao criar esse título assistindo um jogo de futebol.
O envolver-se com os demais, a agitação exterior sonora no esforço de se fazer ouvir mais alto.
Durante noventa minutos olham todos para a mesma bola. A disputa pela conquista da redonda.
Essa é a marca que torna o torcedor o maior e mais humano dentre todos os humanos.
Cada qual vê diferente a mesma imagem, o mesmo lance, a mesma jogada.
Pra uns é golaço, pra outros consequência de uma simples falha. 
Nunca uma falha humana. 
Nada disso! 
Os que jogam o jogo não são humanos.
Humanos, demasiadamente humanos somos só nós torcedores.
Se existe vida além da terra, é nisso que eles tentam nos imitar desde sempre. 
Nosso torcer.
Esse caos anímico, esse som difuso que ecoa da terra por 90 minutos.
Jamais conseguirão! 
Essa qualidade é dos humanos. Demasiadamente nossa.

Um gol adversário fabrica uma lágrima silenciosa e no segundo seguinte, sem mudar sua composição, uma lágrima falante salga um sorriso quando do seu gol.
Ele não toma gol nunca, mas quem faz sempre os gols é ele. O torcedor.
Quem não veste camisa igual é merecedor de todas as desgraças, de todo infortúnio. 
Aqui cessa laços de família, de amizade. 
Por noventa minutos, somos irmãos dos que vestem as nossas cores.
Humano, demasiadamente humano esse nosso mundo redondo.


Amanhã, o domingo, domingo de futebol brasileiro.
Domingo de decisões.
Não vai existir nenhum humano torcedor que não esteja demasiadamente de olho na bola.
Todas as almas vão arrepiar!

Nenhum comentário:

Postar um comentário